Over my shoulder.

 

É como se nos pedissem para esquecer a chuva a bater lá fora, como quem olha o passado cá de dentro. Começamos por esquecer como é o toque. É fácil. O que é difícil, é saber quando parar, porque quando paramos deixamos de fazer sentido e aparece uma falha na cronologia da nossa vida. De facto, ultrapasso a janela da verdade, e agora que olho para trás vejo o quão difícil é bater com a porta sem olhar para trás. No fundo, é como se nos debatêssemos em frente a um espelho em busca da verdade e só nos ouvíssemos a nós próprios. Sem feedback a resposta é curta e clara! E aí, debatemo-nos ainda mais, mas não é com o espelho, é connosco próprios porque quando nos tornamos pessoas de causas a verdade não nos chega e a mentira dói. Aos olhos de quem nos vê a fugir parecemos seres doentios. E se lutarmos por aquilo em que acreditamos é ser doentio, então sim, há alguma razão um pouco irónica nisso. A certa altura, tudo se torna tão irreal que ate desculpamos a nossa sede de luta. Quando estamos em cena, existe uma fala para cada personagem. Quando estamos em vida, existe uma oportunidade para cada pessoa. Tudo tem um tempo certo. O nosso nem chegou. E é duro termos de virar a página da nossa história quando ela está em branco. Agora que a chuva voltou, dá-nos vontade de pensar com o coração. Olhamos um pouco pelo percurso da nossa vida e notamos que já não somos a mesma pessoa, teimamos em procurar uma explicação para a mudança mas a verdade sempre foi a mesma, aprendemos a mudar por alguém. E no fim, a verdade é nua e crua, chegamos à conclusão que abdicamos da nossa maneira de ser em vão porque a nossa história não passou a ficção de um sono de domingo. Mas a realidade é só uma e toca no coração. Quando se ama, AMA! Não adianta virar as costas, discutir, esconder ou fugir.

 

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I’m still alive.

  

 

     Sabes qando um estranho te olha nos olhos de uma forma que te faz pensar ‘onde estiveste este tempo todo’? Transporta-te para outro mundo quando o que mais desejas é ficar, estar, permanecer! Para sempre, como se a realidade fosse isso mesmo, completamente inerente começas a pensar em tudo o que te faz acordar e chegas à conclusão que de facto, já não é pelos mesmos motivos. O passado morreu, mas será que morreu mesmo? São tudo partes da história que vais descobrindo a cada dia como se não houvesse um fim e já fizesse parte da rotina. E é o tudo ou nada! Desta vez não restam mais opções e sentes o medo da hora H, da derradeira decisão. Por que no fundo, será isso que vai contar. Será isso que vais recordar a cada momento como a decisão mais acertada, ou não. Será isso que te vai fazer sentir melhor se for de facto a decisão mais acertada e desta vez não restam segundas hipóteses. As segundas oportunidades já deram de si e desta vez resta apenas uma só tentativa. É ganhar ou falhar. É viver, ou permanecer na fraqueza de muitos. É perder, ou ganhar com distinção e, vencer com paixão! Não te precipites e olha à tua volta. Pensa como se estivesses do outro lado. Se ganhar, no fim de contas o que lhe restará? Sorrisos perdidos e olhares distantes. Conversas sobre o sentido das coisas. Conversas sobre coisas sem sentido. Amor! Se ganhares. A ideia de permanecer mais forte é um mito e, já não restam personagens principais. Será que a alma é a mesma? São tudo coisas do futuro. Mas se ganhares, sobra a confiança e o orgulho. Mas se ganhares, serão a ousadia e a irreverência a falar por si como se acreditasses mais em ti que o mundo inteiro.        Transportando-te de novo ao primeiro ambiente, num abrir e piscar de olhos, olhas à tua volta e vês ali um alguém que sente orgulho em ti, que no fundo te venera e, sentes que desta vez não podes falhar. Desta vez não assumas a culpa, não te conformes com a vida que tens, levanta-te e vai à luta com ousadia, com aquele lado mais irreverente que de facto ninguém percebe. Desta vez toma a loucura e não penses no amanha que será com certeza melhor que o hoje. Desta vez torna-te menina de ti mesma e sê a mulher do amanha porque já ninguém espera que o sejas, e daí? Quando já ninguém acredita em ti, torna-te incrivelmente, surpreendente!

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Sleeping to dream about you

 

 Quando descobri que te tinhas de ir embora, calei a dor e chorei sozinha como se não houvesse amanhã.
Não contei a ninguém, porque achava que a culpa era minha. Não tinha sido suficientemente especial para te fazer ficar. Queria saber até que ponto te lembravas da história. Agora que penso, apercebo-me que o que tem-que-ser tem muita força. Chama-me dramática. Olho o passado e quanto mais fixo o olhar mais retorno ao tempo que não passou por ele. É essa a verdade. Por mais que o tempo não o tenha mudado mais me pergunto pela história que não muda de cenário, de tempo e até de protagonistas, porque eu mudei. Umas vezes mais forte mas ao mesmo tempo mais fraca. Umas vezes mais entusiasmada mas ao mesmo tempo aterrada. Não sabemos o que sentimos mas, apenas que tipo de pessoa queremos ser. E, não importa o que temos mas sim, aquilo que fazemos com o que temos. Não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam. Falo-te de amor. Não se trata da intensidade com que existe mas daquilo que daríamos em troca. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Acorda-nos dia-a-dia sabendo que há pessoas que com um mero sorriso nos olhos nos convidam a viajar por outras terras, nos dão a conhecer toda a magia do mundo, a inventar sonhos, como se fosse a coisa mais simples do mundo. E o que é suposto eu fazer quando a melhor parte de mim és tu? É a verdade que vai e volta em torno do teu mundo que aos poucos deixa de ser meu. Ainda me acordas todos os dias com o silêncio do primeiro olhar.       Ainda caminhas comigo até o sol se apagar, E se um dia tudo acabar, diz-me que nunca começou. Diz-me que sempre estive errada. Mas acima de tudo, diz-me que não eras tu! É a verdade escondida da mentira em que tudo se tornou. Fala-me da loucura e da paixão, fala-me de amor! Posso fugir mas não me posso esconder. Aprendi que não basta perdoar vezes sem fim se não conseguir perdoar-me a mim própria. E desta vez, vou ficar a assistir à inconsistência das minhas decisões, porque tudo o que é meu, é tudo o que eu não sei largar. E, talvez tenha demorado muito tempo a perceber que às vezes, desistir é vencer quando a mentira ocupa o lugar da verdade .

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How much is real?

 

Já me perguntei o que de ti foi meu. Será que continuamos a fazer sentido? Será que assim que nos virmos o tempo não passou entre nós, mas apenas por nós? Embalada em tempos passados, tomo a resposta como certa e constante. O tempo passou por mim e já não a detenho. A espera permanece com o desejo de ver o presente no passado como se não houvesse amanha e um futuro não melhor, mas diferente. É assim que o defino, apenas diferente. Desprovido de palavras mágicas e inconstantes, de promessas pesadas e inconsequentes, de esperas de abnegação, de sonhos, de castelos de areia, de adiamentos e hesitações, de ausências e dúvidas, mas acima de tudo, de lutas flageladas pela obstinação e teimosia com medo de amar por amar. Porque no fim, tudo é difícil, tudo é esforço, tudo é inglório. E como a mente é traiçoeira, transporta-nos apenas para a parte perceptível da história, a parte que justifica tudo e que não dá pelo nome de final feliz. Quem parte, é quem sabe para onde vai, quem escolhe um caminho. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar ate um dia se conformar e esquecer. Não me vejo em nenhuma das duas. Dou pela comodidade da vida. Aquela em que permanecemos como espectadores e assumimos um papel secundário onde assistimos ao tempo e ao espaço e, fugimos dos obstáculos e esquecemo-los como se nunca tivessem existido. Quanto a sonhos, esses esperamos por eles. É assim que encaramos a vida. Tardiamente nos apercebemos dos erros, tardiamente voltamos atrás, se é que voltamos. E o que permanece são recordações e culpa. As recordações do passado e, a culpa que não assumimos na hora e no momento certo para agir, pela cobardia em demasia.

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Quis deixar para trás algo que me lembrasse de nós .

 

Incrivelmente sonhadora costumava pensar em dias eternos e infindáveis, passados no baloiço do jardim que ainda era meu. Sonhava com desenhos animados e tardes inesquecíveis agarrada ao arco-íris do eterno costume. O tempo passa e a escada da vida torna-se inevitável. Á medida que subimos vamo-nos dando conta de sentimentos que nos transportam para a saudade e para amor, para a verdade e para a ilusão, para a adrenalina e para o êxtase, para a desilusão e para a perda, para a dor sem ferida que dói e não sara. E aí, aprendemos que não conseguimos mudar o mundo. Damos a volta e voltamos atrás na ânsia de conseguir mudar jogadas bruscas e indeliberadas. Tornamo-nos protagonistas de mil e um filmes com mil e uma respostas, escrevemos o mundo na parede do nosso quarto na esperança de a derrubar na primeira dificuldade. No fim da batalha inventamos uma nova fuga como demasiado para nós. Queremos sempre deixar algo para trás que nos lembre de toda a história mesmo que nos traga apenas a incondicional dor da perda. Somos donos do nosso mundo e aprendemos a atribuir-nos culpa pela mera necessidade de nos sentirmos mais seguros de voltar atrás. Sobre o olhar de quem nos viu aproximar, faz-se agora hora de nos olhar como se estivesse-mos a fugir. A bater com a porta e, a apanhar o último comboio no derradeiro momento sem olhar para trás, a apagar a memória sem medo de a perder para sempre. Ficamos entregues ao tempo. Aqui, olhamos o mundo com outro sentir. Por instantes, imóveis tornamo-nos seres inerentes à realidade com medo de a esquecer quando queremos fazer parte dela para sempre. E é, com apatia e frieza que nos olhamos ao espelho, vemo-nos como se tivéssemos derrubado todas as paredes do quarto na ânsia de acordar do ontem como se não houvesse amanha. Deixamos de caminhar e passamos apenas a andar, deixamos de sentir mas, sobretudo de querer sentir! Mais que a verdade, é aquilo em que acreditávamos que dói. E sentimo-nos a desmanchar por dentro. Os sentimentos deixam de ter sentido e passamos a assumir um papel diferente na vida. Ganhamos uma nova personagem, desta vez secundária. O protagonismo morreu e já não detemos a mesma alma. E no fim, damo-nos conta do quão alívio sentimos quando pronunciamos a história eufemizada numa mera folha de papel salpicada da mágoa que transportamos a cada dia, em cada instante, incondicionalmente!

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Um ano.

 

   Um ano. Peças do tabuleiro que se moveram. Construo a história de novo mas desta vez como personagem principal de outra história. Dito vidas novas e papéis comuns a tantos outros. Monto as peças do puzzle que ainda está por começar. É hora de viver e fotografar a preto e branco momentos perfeitos no relance da lágrima do passado desmontando o futuro na busca do horizonte. É hora de fotografar a cores o presente dando vida ao inesquecível. É hora de adormecer no silêncio da noite. De viver intensamente novas páginas de uma vida que ainda não é minha. É hora de sentir todos os passos como meus e continuar a caminhar ao sol numa praia paradisíaca onde só a brisa é sentida como real. Deixa-te levar ! É hora de cruzar o fim e partir . É hora de ser, ficar e conquistar . É hora de sentir e permanecer. É hora de amar ! É hora de viver e reviver sobre o olhar do passado um futuro tão perfeito e sonhador . É hora de me tornar menina de mim mesma e abraçar o hoje, intensamente ! Dois anos.

 

Peças do tabuleiro que ainda não se moveram. Jogadas falhadas e inconsequentes. Por entre o xeque-mate e a assistência, desisto e persisto confusa de mim mesma. Construo a história num espaço claro e distante, num tempo seguido e contínuo. O puzzle mal começou. Já sinto a essência. Já sinto a melancolia e outro e qualquer sentimento por explicar. Já sinto o horizonte mais perto. Num abrir e fechar de olhos tudo se confunde, tudo se intersecta, tudo se mexe. Assisto da primeira fila. Sobre o olhar do passado reconheço cada momento, cada palavra, cada instante ! É hora de mover a derradeira peça. É hora de atravessar o tabuleiro numa só jogada. É hora de partir. Mesmo quando o desejo é Ficar, Permanecer, Construir, Investir, Amar ! É preciso aprender a perder ! Perder com classe é irrelevante, mas perder. Sentir o tempo que não pára e a saudade que o faz parar, imóvel apercebemo-nos de que, de facto não pára e, aí sentimos a saudade sem fim, a dor sem ferida que dói e não pára. Amar e não se ter, querer e não guardar a esperança ! Foi hora de partir, não movi uma peça. Imóvel no tempo, o comboio já partiu. Já não há forças e o tempo morreu. Já não restam peças no tabuleiro. Sobramos eu e tu. Que é feito da história ? Do amor e da verdade ? Da loucura e da paixão ? Não restam memórias. O cenário é branco e vazio. Uma história com duas personagens, ainda restam papéis secundários. É hora de cruzar um caminho que não é o meu. É hora de fazer um fim. É hora de ser feliz num país onde ser feliz consiste em apenas ser feliz ! É hora de viver sem assistir. É hora de ser, ficar e permanecer, intensamente !

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Às vezes é preciso saber amar

 

 Caminhando sobre o passado questiono todos os passos. Todos as horas, minutos e segundos que construíram o que chamo hoje! Por entre erros e verdades chego à conclusão que às vezes, é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento sem olhar para trás, apagar a memória sem medo de a perder para sempre e partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é Ficar, Permanecer, Construir, Investir… Amar ! Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir sem responder, a falar sem sequer nos pronunciarmos, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar. Às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar. O momento certo para sentir. O momento certo para viver porque não somos. Ás vezes é preciso parar. Parar e lançar um último olhar . Sentir o passado tão presente como a brisa num dia de sol e continuar a caminhar. Como a manhã de uma nova vida. A nossa. Às vezes é preciso despertar do passado e acordar para o presente . Voltar, ficar e permanecer. Aí percebemos que, de facto a felicidade está ao nosso alcance num país onde ser feliz consiste em apenas ser feliz !

 

Sinto com corpo. Sinto com alma. Sinto como coração.

 
 
 
 

 

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Each story has an end. In life, each end is a new beginning.

 

Só me desilude quem um dia me iludiu ! Quem um dia encheu de ilusão a esperança de o ser . Caminhando sobre o fim recordo todas as memórias que me tornaram no que sou hoje ! Para quê ter uma pessoa hoje e acordar com medo de a perder amanhã ? Porquê prender-me a algo que não tenha como seguro ? Porque no final de contas tudo muda, até nós ! Porque tudo é efémero, acaba e dói. Dói quebrar a força do hábito ! Dói esboçar um sorriso sem vontade e fingir que nada está mal quando queremos é acordar e constatar que o sonho não coincide com a realidade. Quero acreditar que não, mas não é possível. Cada segundo que passa faz questão de me contrariar. Deixa o silêncio falar. Coragem não é ter forças para seguir em frente, é seguir em frente mesmo sem forças. Olho o passado sem deixar que ele me olhe a mim na esperança de não o recordar mais. De não acordar mais com o passado bem presente ! Talvez porque tudo na vida são erros e verdades. Dizer que te amo pode ter sido o meu maior erro, mas talvez tenha sido a minha maior verdade ! Talvez porque saudade não significa que estamos longe, mas sim que um dia estivemos bem perto ! Talvez porque nada disto faz sentido mas é sentido ! Talvez porque hoje te deixo como um só . E apesar disso …“tenho em mim todos os sonhos do mundo!”

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Carregar pianos.

 

 

"Depois uma pessoa cresce e habitua-se a sofrer. A esperar. A sonhar um bolo gigante a partir de 3 migalhas. A acreditar no impossível. A desejar o impensável. A querer que aqueles que amamos nos tragam o mundo numa bandeja. A isso chama-se carregar pianos. Até ao dia em que uma pessoa se cansa, baixa os braços, olha para o piano, encolhe os braços e diz agora basta. Basta de espera de abnegação, de sonhos, de promessas, de palavras mágicas e inconsequentes. Basta de promessas de amor, de castelos de areia, de adiamentos e hesitações, de ausências e dúvidas. E depois, o mundo vai abaixo. As casas, os prédios, as pontes, tudo se desfaz num estrondo imenso e assustador, que faz quase tanto barulho como um coração que está a bater com a porta. E como é o nosso coração que está a bater a porta, ainda custa mais.
E sentimo-nos a desmanchar por dentro. Não é a partir, é só a desmanchar, como se nada tivesse forma ou fizesse sentido.
(…)
Carregar pianos. Escada acima, quatro andares sem elevador. As costas doem, os braços tremem, as curvas da escada são uma equação impossível de resolver, tudo é difícil, tudo é esforço, tudo é inglório. E o amor transforma-se numa luta, num sacrifício, somos mártires da nossa loucura, flagelados pela nossa obstinação e teimosia. E o pior é que, quando chegamos ao fim da batalha e o piano está lá em cima, não era aquela sala, nem aquela casa, nem aquela pessoa ."

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Fica.

 

 

 "Fica comigo esta noite .

Não vás. Fica comigo esta noite, vá lá! Quem sabe se esta não é a noite das nossas vidas? A noite em que descobrimos mesmo quem somos e o que queremos de nós, dos outros, da vida! A noite de todas as decisões importantes, tomadas em conjunto.Anda, fica comigo só mais esta noite, não vás já. Não me voltes já as costas como se fosse para sempre, como se nunca mais me quisesses ver. Fica, eu sei que também queres. Não queres?! Entra no meu jogo só mais esta vez e fica. Diz que ficas, que não te vais já embora, que não vais bater com a porta da tua vida na minha cara. Não hoje, por favor. Hoje preciso que fiques comigo. Só mais uma vez. Mais uma noite.Dou-te tudo: a liberdade, o meu porta-chaves preferido, o meu livro autografado que sempre invejaste, dou-te a vida, mas não olhes para mim com esses olhos. Não com esses teus olhos que não são verdes, não são nada, e que me dizem que estás prestes a ir quando queres ficar. Eu sei que queres. Eu quero. E quero que tu queiras, por favor. Fica, uma noite é tudo o que preciso para seguir em frente (se não tiver coragem para te dizer o que vai cá dentro). Uma noite, esta noite, é tudo o que eu preciso para te dizer que te adoro, que não quero que me vedes o acesso à tua vida, mesmo que seja um caminho tortuoso e já não possa entrar pela porta principal e instalar-me no salão grande do teu coração. Deixa-me só entrar um bocadinho na tua vida, mesmo que seja pela porta dos fundos ou por uma janela qualquer, mesmo que eu já não seja a tua princesa. Não me deixes já. Deixa-te ficar na minha casa, há tanta coisa que não fizemos ainda. Vamos fazer esta noite. Vamos para o jardim, olhar a cidade, como dantes, mas com outros olhos: os olhos da última noite. Os teus, que não são verdes, não são nada, e os meus, que sempre se cruzaram com os teus e que tu não queres mais. Fica comigo só mais esta noite e prometo que acabaram as promessas, as que não fiz e as que não cumpri. Desculpa. Vais fazer-me falta, eu sei. Já fazes e ainda estás aqui! Por isso não vás já! Anda, esta vai ser a nossa última noite juntos, vamos aproveitá-la. Já decidi, vou mesmo dizer-te tudo o que nunca te disse e sempre te quis contar. Até mesmo que fui eu que parti as cordas da tua guitarra…e o coração. Eu sei, eu sei que a culpa é minha, mas não vás já. E perdoa-me.Fica comigo esta noite, a última, já prometi, e vou dizer-te o quanto gosto dos teus beijos e como me fazem sentir pequenina e protegida os teus abraços. Mas eu prometo também (e esta é mesmo a última) que não te prendo mais. Amanhã de manhã podes ir, podes voltar-me as costas como se não me quisesses ver mais, rasgar as minhas fotografias, podes nunca mais me perdoar por ter esperado tanto (demais!), por não te ter dito antes aquilo que te vou dizer hoje. Amanhã de manhã tudo vai ter acabado: os planos, as ideias, os sonhos, as mentiras, as palavras. Amanhã de manhã vou suportar melhor porque vou saber que fiz tudo o que podia ter feito (tarde!), mesmo que esteja tudo fora do lugar na minha vida, mesmo que continue a haver lugar para ti. Mas esta noite não; esta noite (e só mais esta) fica comigo."


 

 

 

 

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