3.33

 

Enquanto desvio um olhar sobre a minha playlist à procura da música que te traga de volta sinto-me acordada com medo de adormecer. No fundo, acho que tenho receio que o meu sonho traga de volta memórias inabaláveis do que já fomos juntos. A certa altura da nossa vida, torna-se inevitável continuar a olhar o passado aos olhos de quem não entende o lado nu do amor. É inevitável continuar a querer que permaneças onde estás sem assaltares o meu sono. Vivo no sentido de não cruzar mais o teu caminho porque continua a doer. Frases feitas não me dizem nada, mas a brisa lá fora toca no coração e traz a tua alma, o sorriso dos teus olhos e, as palavras ditas ao vento. É como um castelo de areia que desaparece com a brisa do mar, aparentemente inabalável mas tão só uma ilusão ao toque. No fundo, sempre soubemos, é o lado imperceptível da nossa fraqueza. É um querer gostar que chega a ser uma loucura da nossa mente. Sentimos tudo a afrontar-nos. É o medo do inseguro e de acordar sem saber de quem somos. É o medo de encarar a vida a partir do zero, sem nada. É o medo de entrar no comboio sem destino e acima de tudo sem saber de onde partimos. Sinto-me à nora. Agarra-me esta noite, vem falar-me das histórias da nossa infância. Traz-me música e canta-me uma canção de embalar porque desta vez, desta vez vou adormecer no silêncio da noite sem entrares no meu sono porque a porta já se fechou e o coração, também. Sou tão secretamente só eu, sem ti.

About Meninazul

Gosto de pensar que há coisas que nunca vão mudar .
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